Fábrica piloto em Goiás processa terras raras para ímãs de uso em motores e turbinas

O Que São Terras Raras?

As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos da tabela periódica que incluem os 15 elementos do grupo das terras raras, mais o escândio e o ítrio. Esses elementos são fundamentais para a produção de uma variedade de produtos tecnológicos e industriais. As terras raras são conhecidas por suas propriedades únicas que permitem a fabricação de imãs potentes, catalisadores, fósforos e outros materiais utilizados em produtos que vão de smartphones a turbinas eólicas.

No contexto da industrialização e da inovação tecnológica, as terras raras desempenham um papel essencial. Elas são utilizadas em indústrias que criam produtos de ponta, como dispositivos eletrônicos, baterias para veículos elétricos e lâmpadas LED. Devido à sua importância para a transição energética e para a tecnologia avançada, o interesse nas terras raras vem crescendo, tornando a exploração e o processamento desses elementos um tema relevante no debate mineralista.

A Fábrica Piloto de Goiás

A planta piloto localizada em Aparecida de Goiânia, Goiás, é a única instalação brasileira dedicada ao processamento de terras raras de forma industrial. Esta planta é um exemplo notável de como o Brasil está começando a explorar suas reservas de terras raras de maneira responsável e sustentável. Com um enfoque em métodos ambientalmente corretos, a unidade transforma argila iônica, que contém terras raras, em um carbonato com uma alta concentração desses elementos.

terras raras

O processo de criação desta fábrica é um marco para o Brasil, pois o país possui grandes reservas de argila iônica, mas até então não havia conseguido desenvolver um processo eficiente para extrair e processar terras raras. Com a visita da Agência Nacional de Mineração (ANM) à planta, tornou-se evidente que a estrutura está equipada para não apenas extrair, mas também para enriquecer as terras raras, com um método que produz um carbonato com mais de 95% de pureza dos elementos raros.

Processamento de Argila Iônica

O processamento de argila iônica é uma das etapas mais críticas na extração de terras raras. A argila iônica, como a proveniente de Nova Roma, em Goiás, contém uma concentração natural de cerca de 0,1% de terras raras. Para transformar esse material em um produto utilizável, a planta piloto passa por várias etapas de processamento.

Primeiramente, a argila é introduzida em um cilindro lavador, onde é misturada com uma solução que remove impurezas indesejáveis. Após essa etapa, o material passa por uma peneira para eliminar partículas maiores que um milímetro. Essas etapas iniciais são essenciais para garantir que o produto final seja puro e adequado para a produção de ímãs e outros dispositivos de alta tecnologia.

Em seguida, a argila processada é enviada para um espessador, que separa elementos sólidos e líquidos, resultando em uma polpa que é filtrada em um filtro prensa. Este filtragem remove as últimas impurezas, produzindo assim o carbonato de terras raras. Este processo é notável não apenas pela sua eficiência, mas também porque não utiliza explosivos nem processos destrutivos, ficando em linha com práticas de mineração responsável.

Produção de Carbonato de Terras Raras

A produção de carbonato de terras raras é um passo crucial que precede a separação de cada um dos 17 elementos. De acordo com a equipe técnica da planta, é necessária uma tonelada de argila para produzir apenas um quilo de carbonato, o que indica a complexidade e a riqueza desse processo. O carbonato resultante é rico em quatro elementos principais: neodímio, praseodímio, disprósio e térbio, todos de grande importância para a indústria moderna.

Após a obtenção do carbonato, o material ainda precisa passar por processos adicionais de separação e conversão em ligas metálicas de alta pureza. Essa sequência de etapas é vital, dado que muitas vezes a indústria exige materiais muito específicos em termos de composição e propriedades. O impacto dessas terras raras na funcionalidade dos produtos é imenso; imãs produzidos a partir destes elementos, por exemplo, apresentam uma resistência a altas temperaturas que os torna indispensáveis em motores de veículos elétricos e turbinas eólicas.

Ímãs e Suas Aplicações

Os ímãs fabricados a partir de terras raras estão presentes em uma variedade de aplicações que impactam nossas vidas diárias. Eles são usados em motores de carros elétricos, onde sua capacidade de endurecimento e resistência a altas temperaturas melhora significativamente a eficiência energética do veículo. Esses ímãs também são considerados cruciais para a eficiência de turbinas eólicas, onde pequenos ímãs raros podem gerar grandes quantidades de eletricidade.



A crescente demanda por energias renováveis e por veículos elétricos tem gerado um aumento significativo na necessidade de terras raras. Por exemplo, o neodímio e o praseodímio são frequentemente utilizados em imãs de alta performance que são leituras fundamentais para os novos modelos de motores eletrônicos. Esses elementos raros melhoram a eficiência e a durabilidade dos produtos, criando benefícios não apenas para os fabricantes, mas também para os consumidores e para o meio ambiente, pois possibilitam a produção de tecnologias mais sustentáveis.

Importância das Terras Raras na Tecnologia

A importância das terras raras na tecnologia contemporânea não pode ser subestimada. Esses elementos são essenciais para o desenvolvimento de tecnologias avançadas, como eletrônicos, energias renováveis e tecnologias de defesa. Sua utilização possibilita inovações que melhoram a qualidade de vida das pessoas e têm um impacto direto na sustentabilidade ambiental.

Na indústria de tecnologia da informação, as terras raras são utilizadas em fibras ópticas, em discos rígidos e em smartphones. Esses dispositivos exigem materiais que possam suportar condições extremas sem comprometer sua performance ou durabilidade. Além disso, muitas das tecnologias emergentes, como a inteligência artificial e a Internet das Coisas (IoT), dependem dos componentes feitos com terras raras, tornando-os indispensáveis para a inovação.

Desafios na Extração de Terras Raras

A extração de terras raras apresenta uma série de desafios ambientais e econômicos que precisam ser abordados. A mineração tradicional de terras raras muitas vezes envolve processos otimizados e altamente invasivos que podem resultar em impactos negativos ao meio ambiente. A poluição do solo e da água, bem como a degradação terrestre, são consequências típicas da mineração inadequada.

Outro desafio importante é a concentração global da produção de terras raras. A maior parte da oferta mundial é controlada por poucos países, especialmente a China, que domina o mercado. Isso cria riscos geopolíticos e desafios para a segurança de suprimento de países que dependem desses recursos. Portanto, diversificar as fontes de terras raras é uma prioridade para muitas nações, incluindo o Brasil, que está buscando desenvolver suas próprias tecnologias de extração e processamento.

Sustentabilidade no Processamento

O processamento de terras raras dentro da planta piloto em Goiás é um exemplo de práticas sustentáveis. A fábrica utiliza métodos que reduzem o desperdício e promovem a recuperação de recursos. Por exemplo, o processo reusa 95% da água utilizada e recupera 99% de um fertilizante natural como reagente, minimizando resíduos. Esse tipo de prática é essencial para garantir que a extração e o uso de terras raras não comprometam os recursos naturais do planeta.

Além disso, a ausência do uso de explosivos e da trituração durante o processamento da argila iônica significa que os riscos de poluição e contaminação são substancialmente reduzidos. Isso é um avanço significativo comparado às práticas de mineração que geram grandes volumes de resíduos e que exigem barragens de rejeitos, as quais têm potencial para causar desastres ambientais.

Eficiência Energética e Inovações

A eficiência energética é um dos principais benefícios das inovações tecnológicas impulsionadas pelas terras raras. A crescente necessidade de economizar energia e reduzir emissões de carbono está tornando as terras raras cada vez mais valiosas. Elas permitem a fabricação de imãs que são não apenas menores e mais leves, mas também mais poderosos em comparação aos imãs tradicionais.

A produção e o uso de ímãs de terras raras estão contribuindo substancialmente para a transição energética, pois facilitam a adoção de tecnologia de energias renováveis, como a eólica e a solar. Isso não só melhora a eficiência dos sistemas de geração de energia, como também altera a forma como os produtos são desenhados em termos de consumo energético e sustentabilidade.

O Futuro das Terras Raras no Brasil

O futuro das terras raras no Brasil parece promissor, especialmente com a crescente demanda global por tecnologias sustentáveis. O Brasil, com suas vastas reservas de argila iônica e outros minerais, possui um potencial considerável para se posicionar como um líder na produção de terras raras.

Além disso, iniciativas voltadas para a pesquisa e o desenvolvimento no setor mineral estão sendo estimuladas. O investimento em tecnologia para a extração eficiente e sustentável de terras raras pode transformar o Brasil em um ponto chave no mercado internacional. À medida que a indústria global se adapta às novas demandas por produtos cada vez mais sustentáveis, o Brasil tem uma oportunidade única de explorar seus recursos com práticas que respeitam o meio ambiente.

Portanto, a exploração e o processamento de terras raras no Brasil não só são vitais para a economia nacional, mas também têm o potencial de contribuir significativamente para a sustentabilidade global através de tecnologias de ponta e práticas de mineração responsáveis.